TRISTEZA

TRISTEZA

O cansaço

O cansaço, este cansaço
Que nos invade os ossos,
Transforma as tentativas de vida
Cansaço

O cansaço que nos penetra,
Nos infecta cada desejo de saída.
A porta que atrai é secreta,
Cada acto é uma recidiva.

O cansaço de nada vermos,
Tudo é passado, tudo é visto,
Para além do que já sabemos;
Novidade é bem que é arisco.

O cansaço que nos entristece;
Cada momento uma desilusão;
Em cada dia mais nos arrefece
A procura da desejada sensação.

O cansaço que nos investe,
O cansaço que nos toma,
Até que da esperança nada reste,
Nem nesta nem noutra forma.

O cansaço, este grande cansaço,
Que nos leva a desistir de nós,
Que nos leva a procurar um regaço,
Um, em que não nos sintamos sós.

O cansaço de nada ser solução,
O cansaço de tudo ser inútil,
Uma procura quase sem razão,
Cada ressurgimento é coisa fútil.

O cansaço de agora escrever,
O cansaço da tentativa proscrita,
O cansaço de procurar obter,
Minha alma no prazer da escrita.


Tempestade


Veio a tempestade e levou o que parecia ser verdade.
Nada mais restou do amor que um dia nos fez viver,
Felizes pensando em um novo amanhecer.
Hoje as noites são longas sem você aqui comigo
E com certeza a vida terá outro grande sentido.

Amar tem que ser calmaria no peito e na alma.
Onde existe intrigas nele tudo se acaba
Egoísmo no amor não leva adiante
Se o respeito feneceu nada mais será como antes.
Tentar renovar a cada dia o perdido
É como se amargar a vida para o nada acontecido.
Melhor assim findar e pensar em um novo amor ter,
Se a vida quiser me dar.... pois tenho capacidade para amar.


De tudo


De tudo, o mais difícil;
Foi assumir a minha dor.
Querer curar o meu vício;
Entender o fim do amor.

Mesmo embora eu sorrisse;
Escondendo o meu rancor.
E aplicasse nova droga a minha crise;
Dando ao rosto outra cor.

Não se finge eternamente;
Pois a verdade sempre revela;
O que nos atordoa a mente;
E o que o tempo não supera.

De tudo, depois disso;
Ficou o peito tão dormente.
Na ânsia de ter um ombro amigo;
Vivendo só o de repente.


Magoas sem querer magoar


Custa acolher o tempo
Que no mais ténue segundo
Pode originar um sentimento
E fazer-te o meu mundo

Que no mesmo limite
Suga todo o meu ser
E o meu corpo te transmite
Breves instantes de prazer

Custa ser recusado
Quando se deseja o universo
Custa estar apaixonado
E reflectir-se o inverso

Quanto mais me distâncio
Mais te sinto a amar
Dizes não e sinto frio
Magoas sem querer magoar.


Renascer


Em cada manhã que nasce,
Olho para os montes,
Lá longe…
Sei que no seu desabrochar,
Haverá um outro desabrochar
E, haverá uma flor
Mais bela e significativa.


Em cada pôr-do-sol,
Vai haver um outro nascer.
Em cada ave que voa e morre,
Vai existir outra igual
Que voará da mesma maneira.


Só que no nosso amor,
Não haverá igualdades
Porque um amor
Não pode dar lugar a outro igual,
Só por se ter perdido.


Querer e não poder...

Gostava de poder escrever
tudo o que vai dentro de mim
a tristeza por um inocente morrer
nestes conflitos sem fim
a fome que alguns povos passam
quando outros vivem em palácios de marfím
grandes manjares devastam
com esta revolta tenho que viver
quase me sinto culpado
quando alguém inocente vejo sofrer
sou apenas um simples poeta
para a fome acabar nada pesso fazer
Acorrentado á minha liberdade
gostava que todos tivessem que comer.